A história da Girafa e da Frei Egídio
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_3b0a97fc083047599a0f787a8f1076c6mv2_d_2362_2362_s_2.jpg)
Todo mundo sabe que as cadeiras Girafa e Frei Egídio foram criadas na Marcenaria Baraúna junto à Lina Bo Bardi, mas pouca gente sabe a história de como foram desenvolvidas, então vamos falar um pouquinho delas!
A Marcenaria Baraúna foi fundada em 1986 pelos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, já associados no escritório Brasil Arquitetura desde 1981. Paralelamente, Ferraz vinham trabalhando com Lina Bo Bardi no projeto para o SESC Pompeia, onde começara o contato mais aproximado deles com a movelaria. Não à toa, o primeiro encarregado da Baraúna foi o próprio marceneiro chefe das obras do SESC, que terminava naquele mesmo ano.
Logo na sequência, Ferraz e Suzuki uniram-se à Lina para trabalhar em uma série de projetos em Salvador, alguns dos quais precisariam ser mobiliados, como o restaurante da Casa do Benin e o Teatro Gregório de Mattos. Frustrados com o que viam no mercado e tendo a nova marcenaria à disposição, a equipe resolveu desenvolver algumas peças por conta própria, sendo que o primeiro esforço começou com uma inspiração nada tropical: Alvar Aalto e os móveis para o sanatório de Paimio, na Finlândia, edificado nos anos 1930. Para o solo baiano, repensaram a o banquinho de três pés de outro modo e com novo significado. A Girafa, como viria a ser batizada em reunião com a delegação do Benin, logo se desdobrou em bancos, mesas, bancos de bar e bordadeiras, a partir dos inúmeros protótipos criados na Marcenaria Baraúna.
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_24cdcbf18b964efd9b7c0378e5526322.jpg)
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_58d1a8a1895c45c8b1fe4cf5cf08d027.jpg)
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_5a5075c248f64950843a8be12e9297ae.jpg)
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_d05a901606ea4cab9001e65f6d6430fa.jpg)
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_76a6912b34e14adfbb65a2322adf1453.jpg)
Ministro do turismo do Benim na Casa de Vidro com cadeira Girafa (residência de Lina e P. M. Bardi), 1988.
Já a cadeira Frei Egídio foi desenvolvida para equipar o teatro, de forma que deveria ser leve e facilmente transportável. Para tal, tomaram como exemplo as cadeiras dobráveis do renascimento italiano que a equipe usava quando trabalhava na Casa de Vidro e, estudando como modernizar seu desenho, as várias ripas do modelo clássico foram sintetizadas em três fileiras de tábuas. O nome veio por Lina, em homenagem ao frade que a convidara para projetar a Igreja do Espírito Santo do Cerrado, em Uberlândia, na década anterior.
Protótipos da cadeira Frei Egídio na Marcenaria Baraúna.
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_b119e5cbeec74ef69b1917d9163ccfa8.jpg)
![](https://barauna.com.br/wp-content/uploads/2020/04/dd2c6c_7f83c6712f554db6a12340694f764134.jpg)
Mais do que finlandesas ou italianas, estas cadeiras são de um minimalismo tal que dialogam até com a produção japonesa, mas têm acima de tudo raízes profundamente brasileiras, por seus materiais, usos, e uma ideia de “conforto duro”, pauta central na carreira dos três arquitetos e potencializada em suas experiências de trabalho conjuntas.