Casa Laleca

Localizada na Vila Madalena, em um terreno com configuração singular — entre duas ruas com desnível e voltado para uma praça —, a Casa Laleca passou por uma reforma completa. Os antigos ambientes, distribuídos em diferentes níveis, foram transformados em um único espaço contínuo, que atravessa o lote e guia o percurso da entrada ao jardim, conectando visual e funcionalmente todos os setores sociais da casa.

A reorganização das áreas sociais foi um dos princípios norteadores do projeto. Para reforçar essa proposta, um longo aparador de madeira maciça foi desenhado para unir os ambientes, funcionando como suporte tanto para a sala de jantar quanto para a exposição de objetos e obras de arte dos moradores ao longo do percurso. Com o intuito de promover conexões entre as áreas de estar, foram posicionados, próximos à grande janela, lareira e porta, diferentes modalidades de assentos, que criam zonas acolhedoras e favorecem o convívio.

No pavimento superior, concentram-se os espaços mais privados — suíte principal, sala de TV e quarto de hóspedes. A nova configuração permitiu a abertura de janelas estrategicamente posicionadas, que enquadram as copas das árvores da praça ou o movimento das ruas vizinhas. A integração harmoniosa entre espaços internos e o entorno da casa valoriza a entrada de luz e ventilação naturais, filtradas pelos tradicionais muxarabis de madeira que criam uma sombra delicada nos ambientes mais íntimos.

O impacto da vista e implantação privilegiada desse projeto sugeriu uma nova demanda ao desenho da casa: um terraço na laje. A antiga cobertura deu lugar a uma área de lazer ao ar livre, ideal para contemplação da paisagem e para se refrescar em dias ensolarados, com uma ducha externa.

A volumetria simples e de linhas duras da construção contrasta com o uso de materiais naturais como as paredes caiadas, os caixilhos de madeira e o piso em pedra Goiás — escolhas que proporcionam equilíbrio nos interiores, além de criar uma base neutra para o mobiliário e objetos. Essa mesma lógica de contrastes guiou a curadoria dos interiores, onde peças assinadas por designers modernistas brasileiros dialogam com criações contemporâneas. Em cada ambiente, pontos de cor — em tons primários e secundários — foram utilizados com precisão, acrescentando identidade sem comprometer a sobriedade da composição.