Estúdio Baraúna: projeto para uma escada-estante

O Estúdio Baraúna é composto por arquitetos especializados em desenhar móveis em madeira maciça e compensada, dentro de premissas de projeto que buscam otimizar a funcionalidade e revelar o comportamento estrutural de cada peça, sem elementos escondidos ou disfarçados. As demandas que chegam aqui têm as mais variadas escalas e naturezas: às vezes são equipamentos públicos e culturais, museus e restaurantes, em outras são apartamentos grandes ou pequenos, que precisam de móveis para a sala, a cozinha ou os quartos. Há também casos que ultrapassam o desenvolvimento de um objeto, nos quais os arquitetos são solicitados a efetivamente resolver um espaço. É nesse sentido que falamos que fazemos móvel como arquitetura, pois as peças ficam entre essas duas instâncias, tornando-se essenciais na configuração dos ambientes.
Esse foi o caso do projeto para o escritório da arquiteta Renata Pati, desenvolvido em conjunto por ela e Claudio Corrêa, da equipe da Baraúna, em 2012. De um dos lados do vão do primeiro andar que cria o pé direito duplo do térreo, configura-se uma estante baixa e guarda-corpo. No outro, os vários volumes fazem uma escada que leva ao terceiro nível, e têm também nichos e gavetas para guarda de equipamentos, utensílios e até uma pequena geladeira. De cada lado que se olha essa peça, ela parece diferente, e a intenção era mesmo ocultar a escada e criar uma vitrine para expor objetos.
Há móveis que fazemos aqui em que a madeira é protagonista; neste caso, a contribuição central vem do projeto. As caixas em compensado naval de pinho ajudam a conjugar as várias funções requisitadas, além de terem garantido que os módulos fossem transportáveis e não exaurissem os marceneiros por excesso de tamanho ou peso. Além disso, facilitam os ajustes da instalação da marcenaria junto à arquitetura. A fórmica utilizada nos pisos dos degraus é própria este fim, e o restante do móvel manteve o aspecto original das matérias-primas, uma das premissas centrais dos móveis concebidos na Baraúna e que ressoa neste projeto com as paredes em tijolo descascado e os pilares e vigas metálicos.
Claudio atesta que seus projetos surgem como soluções “naturais” e que são as demandas que geram a melhor solução. É claro que essa naturalidade aparece para ele pois já são 20 anos projetando para a Baraúna, mas uma coisa é certa: sem estes móveis, esse espaço seria muito diferente!